Na aparência inicial, um filme como “Jack Reacher – O último
tiro” (2012) até teria intenções mais que louváveis: a de resgatar a estética
violenta e casca grossa das produções policiais dos anos 80 (além, é claro, de
render para Tom Cruise mais uma franquia rentável). O grande detalhe,
entretanto, é que Christopher McQuarrie não é Walter Hill ou John McTiernan, e
Cruise está longe de ter o carisma ideal para fazer um protagonista
durão (ainda que Michael Mann tenha extraído dele um desempenho antológico como
um frio pistoleiro na obra-prima “Colateral”). A abertura do filme até engana:
muito bem fotografada e editada, com tensa trilha sonora na medida certa, a seqüência
mostra de forma detalhada e angustiante toda a preparação para um massacre de
civis por um franco-atirador. A boa impressão inicial se esvai quando o
personagem-título entra em cena, com a obra descambando para uma narrativa genérica
e sem personalidade. Por vezes, há algum sopro de vida, principalmente pela boa
encenação de uma perseguição automobilística. Mas o que predomina mesmo é tom
burocrático e sem inspiração da direção de McQuarrie, além de umas das atuações
mais inexpressivas da carreira de Cruise.
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