segunda-feira, janeiro 14, 2013

A viagem, de Lana Wachowski, Andy Wachowski e Tom Tykwer ***1/2


A união dos irmãos Wachowski com o cineasta alemão Tom Tyker em “A viagem” (2012) não é gratuita. Tanto os brothers quanto o germânico se consagraram nos anos 90 com obras referenciais onde procuravam estabelecer novos parâmetros para o gênero ação (os primeiros com a trilogia “Matrix” e o segundo com “Corra, Lola, corra”). Os Wachowski, mesmo operando dentro de produções blockbuster, sempre procuraram colocar elementos que beiravam a vanguarda dentro de suas encenações repletas de trucagens, enquanto Tykwer inseria sutilmente toques experimentais em meios a obras de estruturas clássicas. Em “A viagem”, eles retomam essa veia com resultados bastante estimulantes. O filme pode causar em certo bode por alguns momentos sentimentais em demasia, principalmente pelo uso ostensivo da trilha sonora exagerada. O que prevalece, entretanto, é uma narrativa repleta de seqüências de deslumbramento visual, tanto na estilizada recriação de época nas cenas situadas no passado quanto nos criativos efeitos especiais e na ação desvairada dos trechos que se desenvolvem num futuro nebuloso. Para a platéia, pode ser desconcertante uma obra em que cinema de época e ficção científica se colidem sem cerimônia, aliados a inesperadas referências cômicas e absurdas, mas essa junção é orgânica, principalmente pelo roteiro que realça a tenuidade da ligação desses momentos históricos da trama: o que une as diversas histórias são elementos frágeis, quase aleatórios, e que seduz justamente por não se prender a recursos óbvios de ter de explicar todas as pontas soltas do roteiro.

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