A união dos irmãos Wachowski com o cineasta alemão Tom Tyker
em “A viagem” (2012) não é gratuita. Tanto os brothers quanto o germânico se
consagraram nos anos 90 com obras referenciais onde procuravam estabelecer
novos parâmetros para o gênero ação (os primeiros com a trilogia “Matrix” e o
segundo com “Corra, Lola, corra”). Os Wachowski, mesmo operando dentro de
produções blockbuster, sempre procuraram colocar elementos que beiravam a
vanguarda dentro de suas encenações repletas de trucagens, enquanto Tykwer inseria
sutilmente toques experimentais em meios a obras de estruturas clássicas. Em “A
viagem”, eles retomam essa veia com resultados bastante estimulantes. O filme
pode causar em certo bode por alguns momentos sentimentais em demasia,
principalmente pelo uso ostensivo da trilha sonora exagerada. O que prevalece,
entretanto, é uma narrativa repleta de seqüências de deslumbramento visual,
tanto na estilizada recriação de época nas cenas situadas no passado quanto nos
criativos efeitos especiais e na ação desvairada dos trechos que se desenvolvem
num futuro nebuloso. Para a platéia, pode ser desconcertante uma obra em que
cinema de época e ficção científica se colidem sem cerimônia, aliados a
inesperadas referências cômicas e absurdas, mas essa junção é orgânica,
principalmente pelo roteiro que realça a tenuidade da ligação desses momentos
históricos da trama: o que une as diversas histórias são elementos frágeis,
quase aleatórios, e que seduz justamente por não se prender a recursos óbvios
de ter de explicar todas as pontas soltas do roteiro.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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