quinta-feira, janeiro 03, 2013

O impossível, de Juan Antonio Bayona ***


Há uma esquizofrenia em “O impossível” (2012) – por um lado, temos um lacrimoso drama familiar repleto de sentimentalismo excessivo e trilha sonora melosa e grandiosa tocada de forma incessante; por outro, há uma obra prodigiosa em termos de trucagens e violência gráfica explícita ao recriar o episódio do devastador tsunami que afligiu a Tailândia em 2004. É quase como se houvesse dois filmes diferentes dentro de um só. Pode-se dizer que o fator emocional da produção, com direito a muitas lições de vida sobre perseverança e união familiar, conquiste parte das platéias, mas a obra se torna realmente memorável nas seqüências de destruição e brutalidade da invasão das águas, que impressionam pela qualidade da encenação e da fotografia. Nesses momentos, o cineasta estabelece um cinema que beira o sensorial, enfatizando detalhes significativos como o barulho das ondas e a visão caótica de um mundo desabando. E mostra, por consequência, que essa parte “técnica”, que muitos teóricos e críticos gostam de mostrar como algo periférico, representa a própria essência do cinema. Ou vão dizer que o roteiro genérico de “O impossível” é que faz a diferença??

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