Dentro da trilogia do diretor Breno Silveira tendo como temática
ícones da música popular brasileira, “Gonzaga – De pai para filho” (2011) é a
obra melhor resolvida. Por um lado, tanto Luiz Gongaza quanto Gonzaguinha são músicos
muito mais relevantes e de perfil mais complexo do que os “breganejos” Zezé Di
Camargo e Luciano. Assim, a saga deles tem mais substância dramática que o
simples elogio ao arrivismo de “Os dois filhos de Francisco” (2005). Por outro,
Silveira dosa melhor o seu habitual sentimentalismo excessivo, conseguindo estabelecer
uma narrativa mais equilibrada, além de estabelecer melhor as nuances humanas
dos relacionamentos entre os personagens, principalmente entre a dupla de protagonistas.
Nesse sentido, o cineasta mostra certa sensibilidade ao conseguir também
delimitar dentro do conflito entre Gonzagão e Gonzaguinha um antagonismo que se
estende ainda para as suas concepções artísticas diversas, em que o baião e o
forró irônico e malicioso do pai se confrontam com os sambas e baladas
engajados e ácidos do filho. É claro que o filme se ressente de uma estrutura
por vezes superficial e episódica, o que atenua consideravelmente o potencial
dramático da obra. Sorte da produção que parte dessa força é resgatada pela
visceral atuação de Júlio Andrade, que ao interpretar Gonzaguinha consegue
fazer uma síntese extraordinária entre aquele espírito malaco do
cantor/compositor e a sua intelectualidade refinada.
Um comentário:
Um dos bons titulos brasileiros neste ano que eu assisti. Alias, como teve titulos brasileiros nesse ano que passou.
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