Qualquer filme da franquia de James Bond sempre vai suscitar
vários tipos de interpretações, indo do cinematográfico até o sociológico. Com “007
– Operação Skyfall” (2012) isso não está sendo diferente. Em resumo, tem-se
dito que esse capítulo dirigido por Sam Mendes representaria a completa
dissociação do tradicional James Bond da época de Sean Connery, com aquela habitual
dose de cinismo elegante, o que representaria uma espécie de traição ao
personagem. A verdade, entretanto, é que não daria para fazer um filme da série
como se estivéssemos nos anos 60 sob pena de cair na paródia estilo Austin
Powers– o contexto político/social/comportamental é bastante diverso do daquela
época. É claro que o Bond de Daniel Craig está muito mais para um 007 estilo Dirty
Harry, além do roteiro de “Operação Skyfall” trazer uns psicologismos
freudianos um tanto fajutos que se levam demasiadamente a sério. Mas é em
determinados detalhes que o filme ganha uma dimensão antológica. As cenas de ação
são exageradas, mas precisas, sem apelar para modernices estéreis de câmeras
tremidas e estilo “borrão”. A direção de fotografia aproveita ao máximo as
possibilidades criativas que os habituais cenários exóticos da série oferecem,
trazendo cenas de uma riqueza visual impressionante. E para complementar,
Javier Barden no papel de vilão oferece uma caracterização inesquecível ao
combinar canastrice gay e um lado grotesco assustador. No final das contas, é
evidente que “007 – Operação Skyfall” não se enquadra entre as grandes
obras-primas da franquia, mas mesmo assim é um produto bastante acima da média
no que se faz atualmente no gênero aventura/ação.
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