A relação da banda Joy Division com o cinema não chega a ser
novidade. Os extraordinários “A festa nunca termina” (2002) e “Control” (2007) são
recriações dramáticas da breve e conturbada trajetória da fundamental banda pós-punk
que marcou a virada dos anos 70 para os 80. O documentário simplesmente
intitulado “Joy Division” (2007) mostra que o mito de Ian Curtis e companhia
sempre é inesgotável na sua capacidade de despertar interesse e gerar reflexões.
É claro que o filme se centra nos aspectos biográficos da banda e de seus
integrantes, utilizando bastante o recurso de depoimentos. O valor da obra,
entretanto, vai muito além do mero didatismo histórico. Para começar, há uma
abundância generosa de raras cenas de arquivo de shows e gravações, compondo um
mosaico fascinante que tanto oferece mais informações sobre um grupo tão
envolto em mistérios quanto realça esse aspecto mítico. Também é interessante
que a produção traça um paralelo sobre a origem, a ascensão e o abrupto término
do Joy Division com a evolução da cidade natal da banda, Manchester. Se no
surgimento do grupo a cidade se apresentava como influência capital na sua
música depressiva e desesperada por representar um ambiente em violenta crise
econômica e social, com uma paisagem cinzenta repleta de prédios velhos e sem
opções de lazer, a projeção tanto do Joy quanto da sucessora New Order ajudou a
Manchester a se tornar uma referência cosmopolita para o cenário cultural
ocidental moderno.
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