A obra de Woody Allen não se presta apenas a análises sobre
seus méritos cinematográficos. Seus filmes também servem como uma espécie de
atestado de intelectualidade de seu público. É aquela coisa: “Não gosto de
blockbusters, estou acima disso tudo, gosto mesmo é do Woody Allen”. Não é de
graça que Allen é tão cultuado entre os franceses. Partindo desses preceitos, a
diretora Sophie Lellouche constrói “Paris-Manhattan” (2011), uma
brincadeira/homenagem com o imaginário que ronda o célebre diretor
nova-iorquino. O filme traz muito da verborragia típica dos franceses, bem como
uma abordagem mais realista dos relacionamentos humanos, mesmo que a produção
se formate dentro do gênero comédia romântica. Mas a aproximação que faz com o
cinema de Allen é superficial, o que não deixa de ser um reflexo da própria
forma com que a protagonista Alice (Alice Taglioni)
encara a cinematografia do cineasta em questão, de quem é fã. Assim, mesmo com
Allen tendo uma participação especial interpretando a si, “Paris-Manhattan” está
longe de ter a mesma verve ácida das melhores comédias do diretor homenageado,
mas não deixa de ser uma produção curiosa capaz de despertar algum interesse.
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