O cinema brasileiro parece ainda estar em busca de um novo “Central
do Brasil” (1998). Esse pensamento é que me veio à mente quanto assisti à “A
busca” (2013). Toda a estrutura narrativa do filme de Luciano Moura parece uma
espécie de tributo espiritual à obra mais conhecida de Walter Salles. A
progressão é basicamente a mesma: protagonista
é obrigado a sair da cidade e viajar pelo interior do Brasil, e nesse processo
acaba fazendo uma viagem de autodescoberta, tornando-se um ser humano melhor.
Também como naquela produção de Salles, a trajetória do personagem principal
serve como uma metáfora para o atual contexto social/político/existencial do
Brasil, pregando uma necessidade de revalorização de certos princípios. Há
aquela velha dicotomia – é necessário se desligar do ambiente corrompido e
confuso das grandes metrópoles e retomar os sentimentos puros e simples
inerentes ao homem do campo. Como o próprio Salles gostar de alardear, é a
busca do Brasil profundo... A formatação e o discurso de “A busca” podem ser um
tanto manjados, refletindo a necessidade de uma parcela de nossos cineastas e
roteiristas em buscar sair de uma certa zona de conforto em termos criativos.
Estão aí filmes extraordinários como “A febre do rato” (2011) e “O som ao redor”
(2012) mostrando que há diferentes caminhos a serem percorridos. É inegável,
entretanto, que a obra de Luciano Moura revele uma capacidade de se mostrar
envolvente como espetáculo em alguns momentos, ainda que repise nos seus clichês
dramáticos. Na sua meio hora inicial, há uma atmosfera que até por vezes beira
o tenebroso na sua carga sombria e negativista. Com o desenrolar da trama, aos
poucos isso se dissipa, evoluindo para um incômodo tom edificante, chegando-se
à conclusão que evoca mais do mesmo.
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