O rigor estético típico do cinema alemão presente em “Barbara”
(2012) se estende de forma notável para a própria temática do filme.
Formalmente, a produção dirigida por Christian Petzold adota
uma postura clássica e elegante – não propicia grandes arrebatamentos visuais,
mas a sua coerência narrativa é precisa ao caracterizar de forma sóbria o
ambiente sufocante que envolve a protagonista
do título. A trilha sonora, em boa parte das cenas, é inexistente,
valorizando-se os silêncios como fator de tensão. Nesse sentido, o roteiro da
obra se mostra em sintonia com a abordagem de Petzold, enfatizando diálogos que
mantém um bem arquitetado equilíbrio dramático entre o sugerido e o ostensivo.
Toda essa formatação arquitetada pelo cineasta abarca uma visão ética e social
surpreendente na sua ausência de maniqueísmos óbvios. Por mais que sejam
realçados os instrumentos de opressão de um Estado totalitário
como a Alemanha Oriental da época da cortina de ferro, “Barbara” está longe de
ser um manifesto pelo “capitalismo democrático”. Com sutileza, são inseridos
elementos de dúvida ao longo da trajetória da personagem principal, fazendo com
que seus desejos fiquem mais difusos em relação ao que realmente quer para si
(fugir ou não para o lado ocidental). Assim, as soluções não se apresentam fáceis,
deixando o filme ainda mais instigante.
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