Para os desavisados, o
documentário “Caverna dos sonhos esquecidos” (2010), nas suas primeiras cenas,
pode fazer pressupor uma obra de caráter institucional e educativo a expor as
descobertas científicas relativas a uma caverna no interior da França onde se
encontram as mais antigas pinturas rupestres. À medida que a narrativa se
desenvolve, entretanto, as particulares concepções artísticas do cineasta
Werner Herzog afloram de forma contundente. Os registros audiovisuais obtidos
no local são pioneiros – Hergoz e sua equipe foram os primeiros a terem
autorização para filmar a caverna. Por outro lado, esse acesso foi limitado em
termos temporais, com Herzog e companheiros tendo apenas algumas horas diárias
para fazer toda a sua filmagem. Para o alemão, tais dificuldades são normais
quando ele envereda para o cinema verdade, vide outras produções antológicas
que dirigiu no gênero. Herzog transforma as dificuldades em elemento dramático,
por vezes se torna ele mesmo personagem, afastando assim o filme do simples
registro objetivo e jornalístico. Até os depoimentos de cientistas e estudiosos
ganham uma conotação de transcendência filosófica
e existencial, extravasando os limites didáticos. A ambientação criada por
Herzog a partir de sua abordagem temática/formal ganha um caráter entre o
solene e o reflexivo – tentar entender o que se passou há milhares de anos
naquela caverna é também procurar a compreensão do próprio comportamento humano
no decorrer da história. E para referendar ainda mais a etiqueta “imperdível”
para “Caverna dos sonhos esquecidos”, pode-se caracterizá-lo como uma das mais
expressivas utilizações da tecnologia 3D no cinema.
Um comentário:
Até a pouco tempo eu escrevi um post especial sobre os cinco melhores filmes em 3D. Pelo visto, terei que fazer uma nova listinha.
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