Sem querer parecer maniqueísta, mas atualmente pode ser
percebida uma diferenciação estético-ideológica entre as escolas cinematográficas
nacionais de acordo com o Estado de que elas provem. Nesse sentido, Pernambuco,
por exemplo, é marcado por produções que enveredam por uma visão temática
bastante questionadora, por vezes até anárquica, e marcada por ousadias
formais. Em contraponto, São Paulo tem apresentado um cinema mais asséptico e blasé,
adotando um discurso niilista e irônico de
formato um tanto engessado. “Super Nada” (2012) é bem emblemático desse jeito
paulista contemporâneo de fazer cinema. A gente pode perceber as boas idéias, a
necessidade de captar o zeitgeist desse milênio, mas a forma com que as coisas
se desenvolvem na tela é de um academicismo e previsibilidade irritantes – tudo
parece seguir um manual típico de faculdades de cinema. Para retratar a
atmosfera de mediocridade e letargia de seu protagonista,
um ator na pindaíba financeira e moral, o diretor Rubens Rewald opta por uma
abordagem estética árida e sem atrativos, que pode até ser coerente com a trama
do filme, mas que por outro lado em nenhum momento se mostra capaz de causar
algum arrebatamento para o espectador.
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