A narrativa de “A fuga” (2012) se estabelece a partir de uma
estrutura bem definida: é uma obra do gênero ação que se desenrola a partir de
uma trama cujo foco são relações mal resolvidas em três núcleos familiares.
Assim, todo o sangue e brutalidade que saltam das telas funcionam, em níveis
simbólicos, como uma espécie de expiação das culpas que exalam dessas relações
familiares disfuncionais. Nesse sentido, quando envereda para o drama, o filme
se mostra um tanto frágil enquanto narrativa, insistindo em um psicologismo de
araque. A obra se mostra se mostra efetivamente convincente quando envereda
para a ação propriamente dita. As seqüências na neve, tanto nas de lutas
corporais quanto em tiroteios e perseguições, trazem um registro visual
poderoso, com a direção de fotografia conseguindo captar a beleza bruta de uma
natureza árida e inóspita (nesse aspecto, os efeitos metafóricos são mais
eficientes, em que as paisagens geladas funcionam como reflexo da própria
condição existencial embrutecida dos personagens), além da encenação do diretor
alemão Stefan Ruzowizky, aliada a uma edição de talhe clássico, ser bastante
precisa e clara no detalhamento dos embates entre seus personagens. Em tais
momentos, a dimensão dramática do protagonista
Addison (Eric Bana) cresce de forma admirável. Os diálogos entre ele e a menina
que salva do padrasto violento, por exemplo, evocam uma espécie de conto de
fadas estranho e perturbador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário