Um dos males dos quais assola o cinema brasileiro contemporâneo
é a necessidade de formatá-lo de acordo com aquilo que pode ser “vendável”. Um
seriado televisivo faz sucesso? Ora, vamos lançá-lo como filme!! Isso sem
contar a absorção de maneirismos típicos da TV para o cinema. É claro que há
boas chances de tal tática render bem nas bilheterias, mas também é inegável
que gera uma série de obras descartáveis e medíocres. E se agora a onda é a comédia
stand up, por que não fazer um filme utilizando os preceitos de tal linguagem? O
resultado é esse “Vai que dá certo” (2012), que utiliza por base o roteiro de
alguns cômicos do gênero stand up que estão em evidência. O curioso é que
apesar de um roteiro equivocado pelo uso exagerado de “espertezas”, a produção
até consegue ser envolvente, graças a direção mais equilibrada de Mauricio
Farias. Sua condução de narrativa consegue, por vezes, gerar tensão, ainda que
a trama seja constantemente interrompida por diálogos engraçadinhos com citações
de cultura pop (sim, tem gente que ainda acha isso muito inteligente...) e
intervenções performáticas que mais caberiam num palco do que num filme
policial (ainda que com elementos cômicos). E se as atuações de Bruno Mazzeo, Gregório
Duvivier, Fábio Porchat e Felipe Abib enchem o saco pelo tom histriônico e de
densidade zero, por outro lado chega a impressionar o desempenho de Lúcio Mauro
Filho, que consegue fazer a sua persona cômica habitual “sumir” na sua composição
dramática.
Um comentário:
Enquanto comedias fizerem sucesso, sempre vão fazer até se desgastar.
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