terça-feira, março 26, 2013

Os miseráveis, de Tom Hooper **1/2


O romance “Os miseráveis” de Vitor Hugo é uma das grandes obras literárias a tratar sobre o humanismo. O livro trafega de forma constante num tênue limite, em que seu caráter fortemente dramático e emocional parece sempre à beira de descambar para o sentimentalismo excessivo, coisa que a pena afiada do escritor não permite. Essa versão mais recente (2012) do romance é baseada num musical da Broadway que adaptou o romance em questão. Devido a tal origem, é evidente que há o perigo que predomine o exagero kitsch – e é o que acaba acontecendo, com o diretor Tom Hooper transformando a trágica trajetória do protagonista Jean Valjean (Hugh Jackman) num exagerado espetáculo embregalhado, repleto de grandiloquentes e melosas canções de gosto duvidoso e uma encenação destituída de qualquer senso de sutileza. Além disso, Hooper por vezes se equivoca ao apelar para uma concepção visual digna de vídeo clips da MTV. “Os miseráveis”, entretanto, está longe de ser esse desastre completo que se anda comentando entre público e crítica. A reconstituição estilizada da Paris do século XIX revela certo encanto visual, e por vezes o filme até consegue ser divertido ao apresentar uma narrativa de eventuais tons delirantes. Mesmo o elenco apresenta algumas atuações cativantes, principalmente no caso de Jackman, Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen. No final das contas, fica valendo como curiosidade, apesar da frustração de não conseguir captar com alguma fidelidade a essência do brilhante original de Vitor Hugo (ao contrário, por exemplo, da extraordinária versão cinematográfica de “Anna Karenina” concebida por Joe Wright, também lançada em 2012).

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Amei o filme assistindo duas vezes no cinema.