Confesso que a minha percepção sobre “O amante da rainha”
(2012) pode estar comprometida por fatores externos. Digo isso porque depois de
ver recentemente o extraordinário “Anna Karenina” (2012), obra marcada por uma acentuada
criatividade estética e narrativa, fica difícil não fazer comparações com
outras produções que enveredem pelo gênero dos filmes de época. O filme
dirigido por Nikolaj Arcel possui os seus méritos: é bem fotografado, tem uma
cuidadosa direção de arte, há boas atuações em seu elenco, o roteiro apresenta
alguns dilemas interessantes (principalmente ao retratar a influência nefasta
da religião em questões políticas, o que se mostra em forte sintonia com o
deslumbre atual com a escolha de um novo papa). A junção de tais elementos,
entretanto, não resulta numa obra de maior contundência. “O amante da rainha”
padece de um certo excesso de academicismo na sua encenação. A narrativa por
vezes é até envolvente, mas nada que implique em uma experiência cinematográfica
efetivamente memorável – fácil se vê, fácil também se esquece. Falta uma
ousadia formal, coisa que a já aludida versão de “Anna Karenina” de Joe Wright
tem de sobra.
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