quinta-feira, abril 04, 2013

O amante da rainha, de Nikolaj Arcel **1/2


Confesso que a minha percepção sobre “O amante da rainha” (2012) pode estar comprometida por fatores externos. Digo isso porque depois de ver recentemente o extraordinário “Anna Karenina” (2012), obra marcada por uma acentuada criatividade estética e narrativa, fica difícil não fazer comparações com outras produções que enveredem pelo gênero dos filmes de época. O filme dirigido por Nikolaj Arcel possui os seus méritos: é bem fotografado, tem uma cuidadosa direção de arte, há boas atuações em seu elenco, o roteiro apresenta alguns dilemas interessantes (principalmente ao retratar a influência nefasta da religião em questões políticas, o que se mostra em forte sintonia com o deslumbre atual com a escolha de um novo papa). A junção de tais elementos, entretanto, não resulta numa obra de maior contundência. “O amante da rainha” padece de um certo excesso de academicismo na sua encenação. A narrativa por vezes é até envolvente, mas nada que implique em uma experiência cinematográfica efetivamente memorável – fácil se vê, fácil também se esquece. Falta uma ousadia formal, coisa que a já aludida versão de “Anna Karenina” de Joe Wright tem de sobra.

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