segunda-feira, abril 29, 2013

Um porto seguro, de Lasse Hallström *


O sueco Lasse Hallström nunca foi um diretor especialmente brilhante, principalmente depois que se bandeou para Hollywood. Em sua carreira norte-americana, a cada produção foi perdendo traços de personalidade própria, a um ponto que hoje em dia se confunde com os mais burocráticos paus para toda obra que existem às dúzias por aí. Esse “Um porto seguro” (2013) é o seu fundo do poço artístico (se bem que nunca dá para duvidar que as coisas sempre podem piorar). Hallström devia estar precisando bastante da grana para aceitar trabalhar com um roteiro tão medíocre e derivativo como esse baseado no original de Nicholas Sparks. O tratamento que o cineasta dá para a trama é tão pífio e sem inspiração quanto o texto. É aquele tipo de filme que a gente pode identificar com clareza todo o seu mecanismo – quando não há muito o quê dizer, abusa de câmeras a fazer grandes panorâmicas (estilo cinema cartão postal); cenas intimistas são filmadas como se fossem um comercial de perfume ou sabonete para adolescentes; o roteiro tem viradas dramáticas que oscilam entre o formulaico e o apelativo (o que dizer da “surpresa” espírita do final?). A maior ousadia estética de Hallström é simular uma câmera que trepida quando o vilão alcoólatra entra em cena, e mesmo assim o resultado é simplesmente tosco e gratuito. E depois de ver um desastre tão ostensivo quanto “Um porto seguro”, não há como ficar curioso em saber qual é o próximo passo rumo ao grande nada por parte de Hallström.

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