O grande mérito de “Thérèse D.” (2012) está no seu roteiro.
O excelente texto do filme extrai a essência de um original literário,
conseguindo valorizar expressivas nuances psicológicas tanto das situações
quanto de personagens. A trama possui forte caráter intimista, mas concilia com
um teor de simbologia – ao narrar os percalços da protagonista
Thérèse (Audrey Tautou), a produção também traça com precisão o perfil
conservador e hipócrita de uma sociedade e de uma época (no caso, a França das
primeiras décadas do século passado). O diretor Claude Miller tem preocupação
em evitar que o filme caia em excessos melodramáticos, conduzindo a narrativa
num tom mais sóbrio, o que pode ser percebido em alguns sutis detalhes: trilha
sonora discreta, edição de poucos cortes, abordagem emocional um tanto
distanciada, interpretações contidas por parte de seu elenco. O rigor desse
formalismo da narrativa impede maiores voos criativos em termos estéticos em “Thérèse
D”. É inegável, entretanto, que estabelece uma relação de coerência artística com
a proposta temática da obra.
Um comentário:
A atriz não teve muita sorte no cinema americano, mas isso não era preciso para ser reconhecida mundialmente.
Postar um comentário