terça-feira, junho 18, 2013

Doméstica, de Gabriel Mascaro **


A formatação de “Doméstica” (2012) representa outra tendência que tem se mostrado recorrente no gênero documentário - aquela em que o diretor da obra usaria como matéria-prima imagens gravadas por terceiros, geralmente de caráter caseiro ou amador. A unidade desse material seria dada pela montagem. No caso do filme em questão da Gabriel Mascaro, quem fez tais registros foram filhos de “patrões” a filmarem o cotidiano e impressões pessoais de suas respectivas domésticas. É claro que uma certa unidade conceitual na obra: a de que todas essas pessoas trazem em suas histórias íntimas uma carga expressiva de sofrimentos e desilusões, fruto de uma série de privações materiais e emocionais. Nesse sentido, é inegável que “Doméstica” tenha forte relevância como registro sociológico e humano. Ocorre que como cinema a produção fica devendo. A falta de uma marca mais pessoal na direção de Mascaro faz com que não haja uma coerência formal na maneira com que essas diversas crônicas de rotinas se interligam, o que acaba tornando a narrativa trôpega, irregular. A empatia com o público vem muito mais dos dramas (e eventuais comicidades) em estado bruto de seus protagonistas do que dos méritos artísticos da obra.

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