A formatação de “Doméstica” (2012) representa outra tendência
que tem se mostrado recorrente no gênero documentário - aquela em que o diretor
da obra usaria como matéria-prima imagens gravadas por terceiros, geralmente de
caráter caseiro ou amador. A unidade desse material seria dada pela montagem.
No caso do filme em questão da Gabriel Mascaro, quem fez tais registros foram
filhos de “patrões” a filmarem o cotidiano e impressões pessoais de suas
respectivas domésticas. É claro que uma certa unidade conceitual na obra: a de
que todas essas pessoas trazem em suas histórias íntimas uma carga expressiva
de sofrimentos e desilusões, fruto de uma série de privações materiais e
emocionais. Nesse sentido, é inegável que “Doméstica” tenha forte relevância
como registro sociológico e humano. Ocorre que como cinema a produção fica
devendo. A falta de uma marca mais pessoal na direção de Mascaro faz com que não
haja uma coerência formal na maneira com que essas diversas crônicas de rotinas
se interligam, o que acaba tornando a narrativa trôpega, irregular. A empatia
com o público vem muito mais dos dramas (e eventuais comicidades) em estado
bruto de seus protagonistas do que dos méritos
artísticos da obra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário