terça-feira, junho 25, 2013

O grande Gatsby, de Baz Luhrmann **


Na obra original literária, “O grande Gatsby” é uma tradução exemplar das obsessões temáticas de seu autor Scott Fitzgerald. Sua trama refletia como o hedonismo de festa, sexo e álcool típico dos anos 20 escondia um tremendo vazio existencial daquela geração. Assim, num primeiro momento, o fato da versão cinematográfica de “O grande Gatsby” (2013) trazer como diretor o australiano Baz Luhrmann faria um certo sentido. Afinal, a cinematografia do cineasta é marcada por obras visualmente opulentas, beirando o barroco, o que estaria em sintonia com as grandiosas festas dadas pelo protagonista Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio). O resultado final dessa união entre os universos artísticos de Fitzgerald e Luhumann, entretanto, acabou sendo indigesto. Os exageros estéticos do diretor podem passar uma certa impressão de ousadia formal, mas na realidade estão mais para uma fórmula equivocada que por vezes é levada à exaustão (além de eliminar um dos prazeres mais apreciáveis do livro que é a sutileza emocional). A encenação histérica, a fotografia de tons coloridos ostensivos e a edição frenética da primeira metade do filme fazem com que tudo pareça um grande vídeo clip (ainda que a trilha sonora misturando música de época com rap e rock seja uma bela sacada). Essa confusão estilística deve ter cansado até o próprio Luhrmann, pois na metade final o filme ganha uma narrativa mais convencional e amorfa, o que torna a produção bastante descompassada. Mais do que uma versão cinematográfica inferior ao seu original literário, “O grande Gatsby” é um filme que incomoda pelos seus equívocos e irregularidades como cinema propriamente dito.

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