Obedecer a uma determinada fórmula narrativa não significa
necessariamente algo ruim. Se tal fórmula representar uma premissa interessante
e ela for bem trabalhada, o resultado pode ser satisfatório. No caso de “Se
beber, não case 3” (2013), ocorre que Todd Phillips procurou fugir da estrutura
de roteiro dos dois primeiros filmes da franquia. Essa decisão, entretanto,
acaba jogando contra a sua obra, pois retira justamente aquilo que expandia as
possibilidades criativas das produções anteriores. Nesse novo capítulo,
Phillips usa uma trama que se foca muito mais no gênero policial aventura do
que propriamente na comédia, o que acaba descaracterizando muito da essência da
série. Aquela combinação personalíssima de humor negro, pastelão e escatologia é
jogada de lado em nome da ação desenfreada e genérica com eventuais toques cômicos
(na maioria das vezes na pele do insosso Zach Galifianakis). Na realidade, o
filme dá uma ideia de cansaço criativo, tanto por parte de Phillips quanto no
seu elenco (por vezes, se tem a impressão de desânimo nas atuações de Bradley
Cooper e Ed Helms). O engraçado é que a ótima seqüência que aparece depois dos
créditos finais dá a impressão de que poderia ser utilizada na realidade como
abertura do filme e dali poderia se desenvolver um roteiro interessante e nos
moldes das produções anteriores. Poderia ser previsível, mas certamente seria
bem mais engraçado.
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