Mesmo não estando no mesmo nível artístico de alguns dos
melhores filmes do Robert Redford como diretor (“Gente como a gente”, “Nada é
para sempre”, “Quiz Show”), “Sem proteção” (2012) é uma obra que se revela em
sintonia com a carreira e a própria persona do cineasta. Redford sempre foi um
clássico liberal – tanto nas produções em que dirigiu quanto nos seus
posicionamentos pessoais, mostrou uma postura crítica em relação à política dos
Estados Unidos, mas sem defender ideais muito radicais. Ou seja, é o rebelde
que a família norte-americana (ou até mesmo no resto do Ocidente) gosta. “Sem
proteção” é o reflexo claro disso. O filme tem por temática as conseqüências de
atos contra a ordem praticados por grupos terroristas nativos durante os anos
60. Apesar do filme ter uma certa postura questionadora de valores, o que fica
realmente evidente é uma certa postura desiludida em relação a medidas mais
extremas envolvendo violência e morte por parte de alguns membros desses grupos
dissidentes, vistas pelo protagonista Jim
Grant (Redford interpretando um alter ego) como uma espécie de corrupção e
distorção dos princípios de igualdade e fraternidade tão valorizados nos anos
60 pelos movimentos de contracultura. Redford é convencional na formatação de “Sem
proteção” ao estruturá-lo como um thriller, mas executa tal concepção com elegância
narrativa. É curioso observar ainda que Redford deve permanecer com o crédito
alto entre seus pares, pois é impressionante a quantidade de atores e atrizes
de renome que aceitaram atuarem em minúsculos papéis de coadjuvantes.
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