segunda-feira, junho 24, 2013

Siba - Nos balés da tormenta, de Caio Jobim e Pablo Francischelli ***


Para mim, talvez seja fácil gostar de “Siba – Nos balés da tormenta” (2012). Afinal, o documentário tem como protagonista um músico que gosto muito, o que por si só já faria o filme ganhar vários pontos comigo. Mas acredito que haja ainda um pingo de isenção em mim, sendo que assim consigo ver os méritos próprios da obra. Para começar, há a grande sacada da produção se focar de forma primordial sobre a arte de Siba. É claro que se menciona algo sobre a vida do artista, mas relacionando sempre os fatos pessoais com a sua formação musical. Além disso, os diretores Caio Jobim e Pablo Francischelli mostram argúcia narrativa e temática ao focalizar como o ambiente rural e de festas tradicionais do interior de Pernambuco foram influências capitais nas concepções artísticas de Siba. Não só isso: no roteiro do documentário, consegue-se captar com sensibilidade muito da essência estética de Siba – a complementação entre as raízes tradicionalistas com o senso universal propiciado pelo lado roqueiro do músico (e que foi também um dos grandes pontos criativos do Mangue Beat). O documentário não é tão tradicional na sua formatação, pois não apresenta a evolução do músico de forma cronológica. Ainda sim, pode-se conhecer quase todos os passos das mutações do músico, principalmente nas suas colaborações antológicas com o grupos Mestre Ambrósio e Fuloresta, na parceria com o violonista Roberto Corrêa e o recente trabalho solo, “Avante”. E o filme foge do óbvio ao trazer vários momentos em que Siba e seus colaboradores discutem e ensaiam arranjos, harmonia e melodia e buscam até o timbre exato dos instrumentos para cada canção. Ou seja, ao invés da celebração do arrivismo mercenário de “Os dois filhos de Francisco” (2005), há aqui uma verdadeira homenagem à música e ao ato de compor.

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