Num primeiro momento, dá até para pensar que “O último
concerto” (1976) representa uma inesperada fuga do diretor italiano Luigi Cozzi
do universo dos filmes de gênero. Afinal, não é uma obra de horror, suspense ou
ficção científica. Um olhar mais minucioso e a compreensão do momento histórico
de sua realização, entretanto, faz com que se perceba que se trata de uma
produção de gênero, só que na linha dos melodramas. Afinal, a década de 70 também
foi marcada pelo enorme sucesso e influência de “Love Story” (1970). Cozzi
mimetiza de forma sincera e desajeitada boa parte dos truques estéticos e
emocionais de sua fonte inspiradora: tema musical meloso onipresente, roteiro
esquemático (inclusive com direito a um dos principais personagens com uma
doença incurável) e sentimentalismo açucarado em doses industriais. O resultado
final por vezes é constrangedor no seu teor derivativo e nos golpes
sentimentais grotescos. Por seus méritos formais, o filme nunca ultrapassa além
do meramente descartável, mas acaba valendo uma conferida por se tratar de uma
curiosidade histórica emblemática de uma era.
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