terça-feira, junho 11, 2013

Holy Motors, de Leos Carax ****


A multiplicidade de personagens interpretadas por um protagonista misterioso (Denis Lavant) é reflexo de um dos aspectos mais intrigantes de “Holy Motors” (2012), que é o fato do seu roteiro compilar mais de um gênero – drama, comédia, ficção científica, fantasia, suspense, horror. O insólito dessa proposta não representa mera aleatoriedade. No meio desse aparente caos temático, o diretor Leos Carax estabelece uma lógica própria e de encanto perturbador. A diversidade de gêneros propicia que Carax se aventure por abordagens formais diferentes que tanto podem se complementar quanto entrarem em choque. É como se o espectador entrasse numa montanha russa sensorial. Se por vezes as situações da trama e a concepção estética enveredam por um visual delirante e pela narrativa de caráter simbólico, em outros momentos a linguagem beira o naturalismo. Assim, a criatividade textual e estilística da Carax é intensa em “Holy Motors”, fazendo com que até mesmo Paris se torne um personagem próprio, com a cidade variando do retrô até uma ambientação onírica e/ou futurista. A desconcertante conclusão da obra, de viés fabular, mais levanta dúvidas do que esclarece a loucura narrativa apresentada. Tal desfecho, entretanto, é coerente com o perfil artístico de “Holy Motors” e acentua ainda mais a visão inquietante do mundo pelos olhos de Carax.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Se fossemos resumir o filme, seria na realidade uma homenagem ao propio cinema em si. Não e´ a toa que a trama se passa em Paris, onde o cinema nasceu.