Pode parecer um pouco de crueldade da minha parte, mas
considero que o ponto fraco do documentário “Bullying” (2011) é a sua pegada
politicamente correta. Os registros das cenas de agressões moral e física são
contundentes na sua crueza, mostrando um retrato lúcido dessa questão. Isso
também fica acentuado por alguns depoimentos das vítimas, que evidenciam que as
violências que sofrem também são reflexo de uma concepção distorcida daquilo
que é considerado como “normal” pela sociedade. As cenas que trazem as reações
perplexas das famílias tornam ainda mais impactantes os resultados de tais assédios
e violações. Ocorre que por vezes o filme se concentra em um aspecto institucional,
divulgando ações de entidades que combatem o bullying, bem como declarações
emotivas de pais. É certo que tais iniciativas são louváveis, mas como elemento
da narrativa acabam tornando o filme um tanto truncado. Se a produção tivesse
se concentrado mais no lado exploitation, dando primazia para as cenas de violência,
a denúncia proposta pelo filme teria um caráter mais poderoso na sua capacidade
de indignar. Do jeito que ficou, o documentário mais parece um manifesto bem
intencionado e asséptico do que o retrato fiel da falta de humanismo de uma época.
Um comentário:
Embora não tenha cenas muito fortes, o filme já nos mexe pela situação de certos jovens pelo que passaram, pois os seus depoimentos sobre o seu dia a dia emocionam.
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