As concepções artísticas do diretor norte-americano Terrence
Malick parecem se tornar cada vez mais personalíssimas e radicais com o passar
dos anos. Em “Amor pleno” (2012) isso fica muito evidente, pois a estrutura
narrativa rompe com os padrões tradicionais e obedece a uma lógica muito própria
– ela se desenvolve como um fluxo de consciência, onde o subjetivismo é
primordial. Dentro desse conceito, a obra segue numa linha semelhante à “A árvore
da vida” (2011), a obra anterior de Malick, em que as inquietações intimistas
das personagens se expandem para uma conotação
mais ampla, ganhando uma dimensão existencialista e épica. Nesse sentido, o
formalismo barroco e difuso do filme não é apenas um adereço estético; na
realidade, ele dá sentido às inquietações metafísicas e filosóficas da trama. O
filme, assim, não é um mero pretexto para se contar uma história. O que se propõe
ao espectador é uma imersão sensorial, em que a profusão de imagens e sons faz
com que se entre de cabeça na percepção atormentada das personagens. Nesse
contexto, mesmo aqueles princípios considerados básicos de um roteiro se
dissolvem – situações e figuras aparecem e desaparecem de acordo com as
necessidades difusas desse olhar subjetivo. As ousadias e complexidades desses
padrões estéticos e temáticos se materializam numa direção de fotografia
espetacular, em que planos-sequência, enquadramentos inusitados e os tons
crepusculares compõem uma plasticidade arrebatadora, algo entre o onírico e o
celestial.
Um comentário:
É um filme que dividiu bastante opiniões. Tenho que assistir para eu tirar minhas propias conclusões
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