segunda-feira, agosto 19, 2013

Amor pleno, de Terrence Malick ****


As concepções artísticas do diretor norte-americano Terrence Malick parecem se tornar cada vez mais personalíssimas e radicais com o passar dos anos. Em “Amor pleno” (2012) isso fica muito evidente, pois a estrutura narrativa rompe com os padrões tradicionais e obedece a uma lógica muito própria – ela se desenvolve como um fluxo de consciência, onde o subjetivismo é primordial. Dentro desse conceito, a obra segue numa linha semelhante à “A árvore da vida” (2011), a obra anterior de Malick, em que as inquietações intimistas das personagens se expandem para uma conotação mais ampla, ganhando uma dimensão existencialista e épica. Nesse sentido, o formalismo barroco e difuso do filme não é apenas um adereço estético; na realidade, ele dá sentido às inquietações metafísicas e filosóficas da trama. O filme, assim, não é um mero pretexto para se contar uma história. O que se propõe ao espectador é uma imersão sensorial, em que a profusão de imagens e sons faz com que se entre de cabeça na percepção atormentada das personagens. Nesse contexto, mesmo aqueles princípios considerados básicos de um roteiro se dissolvem – situações e figuras aparecem e desaparecem de acordo com as necessidades difusas desse olhar subjetivo. As ousadias e complexidades desses padrões estéticos e temáticos se materializam numa direção de fotografia espetacular, em que planos-sequência, enquadramentos inusitados e os tons crepusculares compõem uma plasticidade arrebatadora, algo entre o onírico e o celestial.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

É um filme que dividiu bastante opiniões. Tenho que assistir para eu tirar minhas propias conclusões