Eu tenho a crença de que “Os imperdoáveis” (1992) marcou o
fim dos faroestes como gênero cinematográfico contemporâneo, no sentido de que
tanto em termos temáticos como formais não haveria mais o que acrescentar. O
que veio depois consistiu basicamente em reciclagens e pastiches. Nesse último
quesito é que pode ser classificado “O cavaleiro solitário” (2013). Apesar de
sua trama se desenvolver dentro daquele período que foi objeto da grande parte
das produções do gênero, a abordagem do diretor Gore Verbinski beira o paródico
– está mais para um espalhafatoso filme de aventura moderno que se passa
naquela época. A atmosfera da obra varia entre o exagerado e o grotesco. Os
clichês dos faroestes estão todos ali, mas retorcidos de forma até
perturbadora. Não é de estranhar, portanto, que a produção tenha sido um grande
fracasso comercial; há doses de violência, perversidade e morbidez maiores que
o habitual nos blockbusters. Tal escolha de direcionamento é adequada para o
subtexto bastante crítico do filme em relação à história dos Estados Unidos na época
do desbravamento do Oeste (exploração econômica, massacre de índios). Na
verdade, pode-se dizer que o clima de “O cavaleiro solitário” é crepuscular,
semelhante aos faroestes mais cínicos e brutais de Sergio Leone e Sam Peckinpah.
Nesse sentido, a figura do índio Tonto (Johnny Depp) é uma síntese aproximada
do espírito do filme: decadente, sardônico e melancólico. Tais idiossincrasias aliadas
a um senso alucinado de Verbinski para cenas de ação inverossímeis geraram uma
obra singular e que provavelmente acabará merecendo uma reavaliação mais
cuidadosa por parte de crítica e cinéfilos daqui alguns anos.
Um comentário:
Ainda não vi, portanto preciso tirar minhas propias conclusões. Infelizmente Cavaleiro Solitário se tornou o representante da má fase que as superproduções americanas andam passando.
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