segunda-feira, dezembro 02, 2013

The rep, de Morgan White **1/2


A trama base do documentário “The rep” (2012) se refere à história de três amigos geeks e ingênuos que passam a administrar uma sala de cinema “de repertório” em Toronto – trata-se daqueles espaços dedicados a exibir filmes de acordo com determinadas temáticas, num caráter mais cultural e educativo, na contramão do circuito comercial normal. A falta de experiência deles e o desinteresse dos espectadores em geral fazem com que o cinema em questão feche as portas em pouco mais de um ano de atividades. Ao mesmo tempo, o diretor Morgan White traça a situação decadente desses tipos de sala no Canadá e nos Estados Unidos. Por um lado, o documentário é interessante por mostrar como essa situação reflete a atual conjuntura da própria indústria do cinema diante das mais recentes tecnologias e mudanças comportamentais (pirataria, Internet, DVD), evidenciando que a alteração da perspectiva sobre um cinema de conteúdo mais cultural e artístico na realidade também entra em conflito com os próprios valores da sociedade contemporânea. “The rep”, entretanto, peca por sua condução formal pouco imaginativa, o que acaba gerando uma narrativa cansativa em alguns momentos. E mesmo a temática, que seria o seu grande atrativo, por vezes cai no enfadonho pelo tom melancólico e excessivamente nostálgico. Há vários depoimentos lamentosos que basicamente dizem a mesma coisa, sendo que poucas vezes se discute cinema em termos estéticos e de conteúdo – faz parecer que esse tipo de cinema fora do convencional é coisa de nerds auto-indulgentes e solitários. Mas talvez o sentimentalismo em demasia da produção seja um reflexo dos motivos que levaram ao fechamento boa parte dessas salas “de repertório”.

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