A trama base do documentário “The rep” (2012) se refere à
história de três amigos geeks e ingênuos que passam a administrar uma sala de
cinema “de repertório” em Toronto – trata-se daqueles espaços dedicados a
exibir filmes de acordo com determinadas temáticas, num caráter mais cultural e
educativo, na contramão do circuito comercial normal. A falta de experiência
deles e o desinteresse dos espectadores em geral fazem com que o cinema em
questão feche as portas em pouco mais de um ano de atividades. Ao mesmo tempo,
o diretor Morgan White traça a situação decadente desses tipos de sala no Canadá
e nos Estados Unidos. Por um lado, o documentário é interessante por mostrar
como essa situação reflete a atual conjuntura da própria indústria do cinema
diante das mais recentes tecnologias e mudanças comportamentais (pirataria, Internet,
DVD), evidenciando que a alteração da perspectiva sobre um cinema de conteúdo
mais cultural e artístico na realidade também entra em conflito com os próprios
valores da sociedade contemporânea. “The rep”, entretanto, peca por sua condução
formal pouco imaginativa, o que acaba gerando uma narrativa cansativa em alguns
momentos. E mesmo a temática, que seria o seu grande atrativo, por vezes cai no
enfadonho pelo tom melancólico e excessivamente nostálgico. Há vários
depoimentos lamentosos que basicamente dizem a mesma coisa, sendo que poucas
vezes se discute cinema em termos estéticos e de conteúdo – faz parecer que
esse tipo de cinema fora do convencional é coisa de nerds auto-indulgentes e
solitários. Mas talvez o sentimentalismo em demasia da produção seja um reflexo
dos motivos que levaram ao fechamento boa parte dessas salas “de repertório”.
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