Os admiradores mais radicais do diretor grego Costa-Gavras
podem considerar sua obra mais recente, “O capital” (2012), um tanto
convencional. Na verdade, desde os anos 80 os filmes do cineasta passam por uma
espécie de suavização. Isso, claro, se compararmos tais obras com aquelas
produções clássicas setentistas que ele dirigiu como “Z”, “Estado de sítio” e “Sessão
especial de justiça”, em que combinava temática política com um formalismo
seco, beirando o estilo documental. Mas mesmo dentro de uma abordagem mais
tradicional Costa-Gavras consegue se mostrar acima da média. “O capital” se
formata como um thriller de suspense tendo como trama intrigas no mundo
corporativo dos grandes bancos mundiais. O assunto do roteiro, assim, é
bastante oportuno, afinal se relaciona com um dos grandes temas contemporâneos,
a crise econômica mundial que predomina desde 2080 até os dias de hoje. Não há
a pretensão de se fazer explicações sobre as causas de tal crise, com a história
tendo mais uma função simbólica sobre os valores e interesses de uma sociedade
marcada pela ganância e ascensão econômica. Costa-Gavras trabalha com boa parte
dos clichês do gênero thriller, com direito a viradas inesperadas na trama (que
na realidade nem são tão surpreendentes assim), trabalhando tais obviedades,
entretanto, com ironia e precisão estética. Assim, mesmo dentro de uma confortável
maturidade artística, o cineasta mostra que ainda tem lenha para queimar.
Um comentário:
Pessoal que curte filmes, já viram que teve uma reformulação no Hao e agora tem um espaço animal para cinéfilos? Muito legal as interações da página (essa: http://br.hao123.com/movie?tn=wt_self_post_04_br)
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