segunda-feira, dezembro 09, 2013

À procura do destino, de Robert Mulligan ***


Em seus melhores filmes, como “O sol é para todos” (1962) e “O verão de 42” (1971), o diretor Robert Mulligan atingia um equilíbrio notável entre o sentimentalismo e a sobriedade narrativa. Ou seja, o cineasta não dispensava a emoção, mas também resguardava uma certa aspereza, fazendo com que as referidas produções tivessem um marcante tom acre-doce (de certa forma, lembra muito o cinema que Hal Ashby praticou nos anos 70). “À procurado de destino” (1965) mantém essa pegada, ainda que não tenha uma narrativa tão precisa quanto as obras mencionadas anteriormente. Ao narrar a trajetória de ascensão, apogeu e queda de uma rude atriz/cantora (Natalie Wood) na Hollywood dos anos 30, Mulligan pretende estabelecer um panorama crítico das ambições e insensibilidade dos grandes estúdios e produtores da época. Esse retrato, entretanto, acaba esmaecido por vezes pelo excessivo traço melodramático do roteiro e mesmo em algumas exageradas composições dramáticas das interpretações de parte do elenco (nesse sentido, um Robert Redford em início de carreira acaba se destacando por uma atuação mais contida). Apesar de tais equívocos, “À procura do destino” é um trabalho memorável de Mulligan por apresentar a sua habitual elegância formal e no retrato humano e amargo que faz do star system da primeira metade do século XX.

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