Em seus melhores filmes, como “O sol é para todos” (1962) e “O
verão de 42” (1971), o diretor Robert Mulligan atingia um equilíbrio notável
entre o sentimentalismo e a sobriedade narrativa. Ou seja, o cineasta não
dispensava a emoção, mas também resguardava uma certa aspereza, fazendo com que
as referidas produções tivessem um marcante tom acre-doce (de certa forma,
lembra muito o cinema que Hal Ashby praticou nos anos 70). “À procurado de
destino” (1965) mantém essa pegada, ainda que não tenha uma narrativa tão
precisa quanto as obras mencionadas anteriormente. Ao narrar a trajetória de
ascensão, apogeu e queda de uma rude atriz/cantora (Natalie Wood) na Hollywood
dos anos 30, Mulligan pretende estabelecer um panorama crítico das ambições e
insensibilidade dos grandes estúdios e produtores da época. Esse retrato,
entretanto, acaba esmaecido por vezes pelo excessivo traço melodramático do
roteiro e mesmo em algumas exageradas composições dramáticas das interpretações
de parte do elenco (nesse sentido, um Robert Redford em início de carreira
acaba se destacando por uma atuação mais contida). Apesar de tais equívocos, “À
procura do destino” é um trabalho memorável de Mulligan por apresentar a sua habitual
elegância formal e no retrato humano e amargo que faz do star system da
primeira metade do século XX.
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