O recurso utilizado pelo diretor Heitor Dhalia para formatar
a narrativa em “Serra Pelada” (2012) até que é uma boa sacada, a princípio. A
partir de uma trama ficcional, o filme combina referências históricas com uma
estrutura dramática que remete a gêneros clássicos como faroeste e policial –
nesse último caso, aos moldes de filmes de gângsteres. Essa opção reflete o desejo
de tornar a obra mais universal na sua aceitação em detrimento da produção
enveredar por caminhos mais políticos ou de questionamentos sociais. Assim, a
história da trajetória fulminante do garimpeiro Juliano (Juliano Cazarré) lembra
bastante a narrativa de ascensão, apogeu e queda do bandido Tony Montana (Al
Pacino) em “Scarface” (1983), obra-prima de Brian De Palma. O filme até envolve
em determinados momentos, gerando alguma tensão (ao contrário do trabalho
anterior de Dhalia, o pretensioso e sonolento “À deriva”). Seu problema,
entretanto, é que a sua formatação acaba sendo uma camisa-de-força criativa,
fazendo com que no final das contas o filme soe mecânico e superficial demais.
Isso sem contar que Dhalia está muito longe de ter o mesmo senso estético de De
Palma e nem Cazarré chega perto dos recursos dramáticos de Pacino.
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