terça-feira, dezembro 10, 2013

Uma primavera com minha mãe, de Stéphane Brizé ***


O diretor francês parece ter uma queda pelo gênero melodrama. Depois de “Mademoiselle Chambon” (2009), obra que tinha por trama o inviável amor entre um rude homem casado e a professora de seu filho, ele agora envereda em “Uma primavera com minha mãe” (2012) pela história da difícil convivência entre um taciturno e temperamental ex-presidiário (Vincent Lindon) e sua mãe (Helène Vincent), uma doente terminal. É claro que com uma história como essa, é previsível que haverá as inevitáveis brigas, sentimentos de culpa, redenção e reconciliação. O grande diferencial do filme, entretanto, assim como em “Mademoiselle Chambon”, está no tratamento sóbrio de sua encenação. Brizé não cai nos clichês inerentes ao gênero, não havendo aqui música ostensiva melosa ou outros truques manipuladores. O cineasta prefere realçar mais os silêncios, a dureza emocional dos personagens, o tom seco da narrativa, permitindo-se ainda tratar com sutileza e contundência o tema espinhoso da eutanásia. Dessa forma, há uma economia nos momentos “chorosos”, mas quando eles aparecem é com forte impacto. Para sublinhar esse estilo de poucas concessões de Brizé, há uma trilha sonora de belos tons melancólicos, cortesia da afiada dupla Nick Cave e Warren Ellis (que cada vez mais se mostra especialista nessa arte, conforme esse e outros brilhantes trabalhos como “O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford” e “Os infratores”).

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