O diretor francês parece ter uma queda pelo gênero
melodrama. Depois de “Mademoiselle Chambon” (2009), obra que tinha por trama o
inviável amor entre um rude homem casado e a professora de seu filho, ele agora
envereda em “Uma primavera com minha mãe” (2012) pela história da difícil convivência
entre um taciturno e temperamental ex-presidiário (Vincent Lindon) e sua mãe (Helène
Vincent), uma doente terminal. É claro que com uma história como essa, é previsível
que haverá as inevitáveis brigas, sentimentos de culpa, redenção e reconciliação.
O grande diferencial do filme, entretanto, assim como em “Mademoiselle Chambon”,
está no tratamento sóbrio de sua encenação. Brizé não cai nos clichês inerentes
ao gênero, não havendo aqui música ostensiva melosa ou outros truques
manipuladores. O cineasta prefere realçar mais os silêncios, a dureza emocional
dos personagens, o tom seco da narrativa, permitindo-se ainda tratar com
sutileza e contundência o tema espinhoso da eutanásia. Dessa forma, há uma
economia nos momentos “chorosos”, mas quando eles aparecem é com forte impacto.
Para sublinhar esse estilo de poucas concessões de Brizé, há uma trilha sonora
de belos tons melancólicos, cortesia da afiada dupla Nick Cave e Warren Ellis
(que cada vez mais se mostra especialista nessa arte, conforme esse e outros
brilhantes trabalhos como “O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert
Ford” e “Os infratores”).
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