terça-feira, dezembro 17, 2013

Nove crônicas para um coração aos berros, de Gustavo Falcão **


Dá para perceber as boas ideias e intenções do diretor Gustavo Falcão em “Nove crônicas para um coração aos berros” (2012). No meio de uma narrativa mosaico, o filme utiliza tanto a narrativa seca e realista a retratar um cotidiano cinzento quanto uma abordagem delirante que reflete o desejo de fuga dos personagens de uma rotina que os sufocas. A temática e a estética propostas por Falcão buscam uma visceralidade e também são reflexos de um inconformismo artístico com os pressupostos dos vigentes comercialismo e assepsia de boa parte do cinema brasileiro contemporâneo. O resultado final, entretanto, passa longe de tal pretensão. Há aridez criativa na sua encenação, na fotografia e na edição – tudo é realizado com competência, mas em nenhum momento arrebata. A produção, em sua obsessão de fazer um registro do tédio e da falta de perspectivas na sociedade, acaba aborrecendo por não saber transcender no seu formalismo estéril.

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