O cineasta Paul Greengrass tem como característica mais
marcante em sua cinematografia uma pegada com fortes influências documentais,
apesar dele atuar na área ficcional. E isso se aplica tanto para produções da
franquia Bourne quanto para obras com um cunho mais realista. “Capitão Phillips”
(2013), seu trabalho mais recente, se enquadra nessa última categoria, tanto
que seu roteiro se baseia em fatos verdadeiros. Apesar dessa tendência para um
estilo “cinema verdade”, não é o caso aqui de termos câmeras tremendo ou
simulações de filme amador – o registro de Greengrass é objetivo, mas preserva um
esmero formal, o que se evidencia principalmente nas boas sequências de ação.
Além disso, o cineasta consegue extrair expressivas atuações de seu elenco,
tanto por parte de um superstar como Tom Hanks (no papel título) quanto do
atores que compõem o núcleo africano do filme, em que o teor naturalista das
interpretações impressiona por vezes pela sua crueza e veracidade. O que impede
“Capitão Phillips” de se enquadrar num patamar artístico mais elevado é que o
elemento tensão da obra se esvai pelo próprio conteúdo de sua trama – qual é o
efetivo perigo que se pode sentir quando os paupérrimos e ingênuos piratas da
Somália, vilões da história, tem como oponentes militares muito bem treinados
dos Estados Unidos? Fica-se com aquela impressão de muito barulho por nada...
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