segunda-feira, dezembro 30, 2013

Leviathan, de Lucien Castaing-Taylor e Verena Parável ****


Num nível mais superficial e resumido, pode-se dizer que “Leviathan” (2012) é um documentário sobre a rotina de um barco pesqueiro em águas marinhas. Num sentido mais profundo, entretanto, trata-se de uma experiência sensorial bastante singular e perturbadora. As câmeras são posicionadas em pontos bastante inusitados, indo da cabeça de um dos pescadores até dentro dos mares, captando assim cenas surpreendentes e brutais. No tom casual em que tais tomadas são obtidas, aos poucos aquilo que poderia ser considerado a “trama” do filme vai se configurando e a conjunção de imagens e sons vai adquirindo um sentido instintivo e desconcertante. O que era para ser “cinema real” parece se converter num conto sombrio sobre o atribulado relacionamento entre a natureza e o ser humano. Tal significado vem daquilo que também é parte da essência do cinema – os registros audiovisuais que são colhidos de forma praticamente aleatória recebem um tratamento de edição que sintetiza com coerência e crueza absurdas a visão conceitual dos diretores Lucien Castaing-Taylor e Verena Parável.

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