Tentar definir “O batuque dos astros” (2012) como um “documentário
sobre Fernando Pessoa” pode aparentemente facilitar a tarefa de analisar o
filme ou até mesmo fazer uma sinopse, mas acaba sendo também muito impreciso. É
claro que a obra nasce como um tributo do diretor Julio Bressane ao poeta
português. Ao longo da narrativa, entretanto, o cineasta envereda por um
caminho mais amplo. É como se ele procurasse traduzir o imaginário que envolve
o poeta em forma de imagens e sons. Ou seja, formata-se aquilo que é texto num
cinema quase que puramente sensorial. Bressane quer deixar claro para o
espectador que o que está em foco é a sua visão particular sobre Pessoa, e
dessa forma coloca na tela elementos pessoais, fazendo com que a produção se
apresente como um universo paralelo, em que os mundos do cineasta e o de seu
homenageado se encontram e formam uma síntese desconcertante e com alguns
estranhos encantos.
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