sexta-feira, dezembro 27, 2013

Minha vida dava um filme, de Shari Springer e Robert Pulcini ***


A dupla de diretores Shari Springer e Robert Pulcini parece estar se especializando em fazer crônicas de deserdados e outsiders em geral. Enquanto “Anti-herói americano” (2003) era uma cinebiografia do roteirista de HQs underground Harvey Pekard e “Os acompanhantes” (2010) mostrava as desventuras de um gigolô envelhecido e um aspirante a escritor, nesse recente “Minha vida dava um filme” (2013) há a trama de uma dramaturga frustrada (Kristen Wiig) que perde o namorado rico e o emprego em Nova Iorque e é obrigada a morar novamente com sua família disfuncional e suburbana de Nova Jersey. O tom dessa comédia dramática é um meio termo entre o amargo e irônico. Por mais melancólica que seja essa abordagem temática, a caracterização caricatural de alguns dos personagens e de situações do roteiro impede que o filme caia em excessos depressivos. No final das contas, a formatação da produção acaba se direcionando para uma comédia romântica quase tradicional, ainda que um tanto azeda – por maiores que sejam os percalços e as desilusões da protagonista, há uma conclusão feliz e edificante que ameniza o clima “loser nerd” do filme (e que faz lembrar “Missão: Madrinha de casamento”, outro trabalho interessante também roteirizado por Wiig). Ainda que esse final tire um pouco do impacto dramático de “Minha vida dava um filme”, é inegável que dá um sabor nostálgico de “Sessão da tarde” setentista.

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