Por mais que a 2ª Guerra Mundial tenha sido abordada em inúmeras
produções cinematográficas, sempre é possível extrair algo de diferente de tal
temática. Está aí “Bastardos Inglórios” (2009) para comprovar isso. A
realidade, entretanto, é que a grande maioria das obras mais recentes que
versam sobre essa temática histórica pouco acrescentam em termos estéticos e
mesmo de conteúdo. Nessa esteira, pode-se até perceber que uma espécie de
vertente nesses filmes se abriu – a de filmes de 2ª Guerra light, daqueles que
podem se assistidos pela família inteira, na linha censura livre. Assim, por
mais que haja elementos espinhosos como mortes, privações, preconceitos e afins
na trama, tudo recebe um tratamento asséptico e de visual clean, para que as platéias
mais sensíveis não fiquem chocadas. “A menina que roubava livros” (2013) é um
exemplar bem acabado dessa tendência. Ainda que em teoria seja dura a realidade
da menina Liesel (Sophie Nélisse) sobrevivendo na Alemanha nazista e em pleno
auge do conflito, o tratamento formal proposto pelo diretor Brian Percival é tão
asséptico que em nenhum momento consegue deixar a platéia sensibilizada com a
crueza do cotidiano da protagonista. A conclusão
do filme sintetiza com precisão esse espírito “cor de rosa”: após um bombardeio
que extermina toda a família e os amigos de Liesel, ao se mostrar os corpos
deles não se vê um traço de sangue ou mesmo membros esmagados ou decepados.
Talvez essa abordagem bunda mole pode agradar velhinhas e mocinhas bem
comportadas, mas também faz com que “A menina que roubava livros” seja uma
produção descartável e incapaz de cativar o nosso imaginário cinematográfico.
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