terça-feira, fevereiro 04, 2014

A menina que roubava livros, de Brian Percival **


Por mais que a 2ª Guerra Mundial tenha sido abordada em inúmeras produções cinematográficas, sempre é possível extrair algo de diferente de tal temática. Está aí “Bastardos Inglórios” (2009) para comprovar isso. A realidade, entretanto, é que a grande maioria das obras mais recentes que versam sobre essa temática histórica pouco acrescentam em termos estéticos e mesmo de conteúdo. Nessa esteira, pode-se até perceber que uma espécie de vertente nesses filmes se abriu – a de filmes de 2ª Guerra light, daqueles que podem se assistidos pela família inteira, na linha censura livre. Assim, por mais que haja elementos espinhosos como mortes, privações, preconceitos e afins na trama, tudo recebe um tratamento asséptico e de visual clean, para que as platéias mais sensíveis não fiquem chocadas. “A menina que roubava livros” (2013) é um exemplar bem acabado dessa tendência. Ainda que em teoria seja dura a realidade da menina Liesel (Sophie Nélisse) sobrevivendo na Alemanha nazista e em pleno auge do conflito, o tratamento formal proposto pelo diretor Brian Percival é tão asséptico que em nenhum momento consegue deixar a platéia sensibilizada com a crueza do cotidiano da protagonista. A conclusão do filme sintetiza com precisão esse espírito “cor de rosa”: após um bombardeio que extermina toda a família e os amigos de Liesel, ao se mostrar os corpos deles não se vê um traço de sangue ou mesmo membros esmagados ou decepados. Talvez essa abordagem bunda mole pode agradar velhinhas e mocinhas bem comportadas, mas também faz com que “A menina que roubava livros” seja uma produção descartável e incapaz de cativar o nosso imaginário cinematográfico.

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