Existem filmes cuja temática e concepção de realização
configuram uma espécie de protótipo de obra feita para ganhar prêmios e gerar
discussões. “Clube Compras Dallas” (2013) se enquadra nessa linhagem e as suas
indicações ao Oscar confirmam o funcionamento desse mecanismo. A narrativa
evoca uma certa crueza, o roteiro evoca fatos reais e um tema tabu
(homossexualismo e AIDS), os atores enveredam por transformações físicas para
deixar suas interpretações mais intensas (recurso, aliás, que geralmente rende
crédito para algum ator ser lembrado para prêmios de atuação). É claro que a
produção é convencional na sua estrutura de melodrama, formulaica e por vezes
até apelativa em alguns golpes emocionais da trama, mas também é inegável que a
encenação proposta pelo diretor Jean-Marc Vallée tem vigor e oferece um
interessante panorama de uma época (anos 80) em que a ignorância e o
preconceito em relação aos soros positivos chegavam às raias do grotesco. E por
mais que haja o já mencionado direcionamento no estilo de composição dramática
de Matthew McConaughey, sua caracterização tem a capacidade de cativar e
impressionar.
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