Mais conhecido como crítico de cinema, Celso Sabadin mostra certa
relevância como realizador cinematográfico. O documentário “Mazzaropi” (2013)
pode estar longe de ser um primor em termos formais, mas é eficiente ao
oferecer um panorama até bastante esclarecedor sobre a história e a importância
de uma das figuras mais populares do cinema brasileiro. Sabadin tem uma bela
sacada narrativa ao começar a produção com depoimentos de admiradores do
universo caipira, contextualizando com lucidez boa parte das verdades, mitos e
preconceitos que envolvem a personalidade desse particular tipo interiorano.
Assim, a biografia de Amacio Mazzaropi ganha uma conotação
humana e social ainda mais ampla. Não há a preocupação de apenas ser didático –
também existe uma considerável parcela de bom humor ao se contar alguns saborosos
“causos” envolvendo as manias de seu protagonista
bem como os bastidores de alguns de seus principais filmes. Nesse sentido, o
documentário também ganha importância por fazer um retrato esclarecedor de como
era fazer cinema popular no nosso país entre as décadas de 50 e 80, revelando
velhos dilemas que até hoje grassam por aí, principalmente no que diz respeito à
dicotomia na distinção entre o que é artístico e o que é comercial. É claro que
há alguns elementos dispensáveis – os comentários do apresentador de televisão
casca grosa Ratinho, por exemplo, chegam a ser constrangedores pelo tosquice de
suas “teorias” e concepções do que é cultura popular – mas no final das contas
o filme de Sabadin consegue cumprir a contento tanto a missão de fazer os
velhos admiradores de Mazzaropi de matarem um pouco a saudade quanto de
apresentar para os neófitos um dos poucos ídolos do cinema nacional.
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