Depois de uma sucessão de filme
marcados pelo barroquismo cênico, os irmãos Coen se voltam para um estilo mais
discreto em “Inside Llewin Davis – Balada de um homem comum” (2013). Essa obra
mais recente tem uma certa sintonia temática com “E aí, meu irmão, cadê você?” (2000)
pela questão musical, afinal este trazia tanto na trilha sonora quanto em
elementos do roteiro menções sobre os primórdios do cancioneiro americano,
principalmente o blues e o country, enquanto aquele tem como pano de fundo a
cena folk de Nova Iorque no início dos anos 60, cenário esse onde surgiu Bob
Dylan. Mesmo com essa relação, entretanto, as formatações das produções são
diferentes, pois enquanto “E aí, meu irmão, cadê você?” se configurava como uma
comédia aventuresca repleta de simbologias relacionando mitologia clássica
grega com elementos da história dos Estados Unidos, em “Inside Llewin Davis” a
abordagem é a de um sóbrio drama com toques irônicos. Na trama, não há grandes
acontecimentos ou superações pessoais nos eventos que envolvem o protagonista
do título (Oscar Isaac) – a sina de fracassos e decepções do personagem é
focada com distanciamento emocional, por vezes até de forma cômica. Nesse
sentido, há um contundente contraste no registro seco e desapaixonado do
cotidiano de um cara normal com o próprio ambiente de intensa efervescência
cultural em que ele está inserido. Colaborando com tal orientação artística, o
trabalho de direção de arte e fotografia do filme se mostra fundamental e é
bastante interessante na sua concepção, fazendo uma combinação entre o realismo
e um certo senso de estilização, como se aqueles cenários saíssem também do
imaginário coletivo relativo a um dos períodos mais comentados da história da
cultura ocidental. É provável que todo esse rigor estético possa frustrar um
pouco àqueles que se acostumaram com as explosões criativas de outros trabalhos
dos Coen, mas mesmo um trabalho menor deles ainda é capaz de ser intrigante e
acima da média como esse “Inside Llewin Davis”.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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Um comentário:
Amei a trilha sonora desse filme
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