sexta-feira, fevereiro 14, 2014

Uma aventura lego, de Phil Lord e Chris Miller ***


Muito mais que um mero pretexto para vender brinquedos, “Uma aventura lego” (2014) é um filme que se expande para uma viagem para o imaginário infantil, tanto de crianças quanto de adultos. A trama da animação brinca com referências tanto ao universo lego quanto por citações a outros elementos da cultura pop. E por trás de um roteiro focado na aventura e na comicidade, repleto de personagens engraçados e carismáticos, encontra-se um subtexto de forte teor orwerlliano, explorando até com um discreto tom sombrio conceitos como a de uma sociedade distópica, em que a padronização desumana de comportamentos e a influência subliminar da mídia são preceitos dominantes. A estética adotada pelos diretores Phil Lord e Chris Miller é uma insólita e criativa combinação entre efeitos digitais e uma aparente “tosqueira” na movimentação de personagens e caracterização de cenários. Tal concepção se relaciona com a própria natureza dos brinquedos legos, a de estruturas de bonecos e objetos para montar, cujo design visual é puxado para o estilizado e não para o realismo. Assim, a busca formal na encenação não é por uma fluidez natural, mas pelo movimento que emula um indivíduo brincando e interagindo com os legos. Nesse sentido, a explicação na parte final do filme para as entidades (ou deuses) que regem o mundo dos personagens é uma engenhosa e até sofisticada sacada temática. De certa forma, as boas idéias conceituais de “Uma aventura lego” acabam funcionando como excelente propaganda para os brinquedos que deram origem à produção, no sentido que reforçam o seu caráter nostálgico, lúdico e criativo.

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