O nome do escritor e médico Oliver Sacks já é conhecido para
o público do cinema. Houve pelo menos dois filmes de sucesso razoável que foram
baseados em obras suas, “Tempo de despertar” (1990) e “Patch Adams” (1998),
ambos versando sobre episódios baseados em casos reais de médicos que usaram
algum tipo de terapia alternativa para curar ou amenizar graves enfermidades. “A
música nunca parou” (2011) também é baseado em uma obra literária de Sacks. Ok,
a gente pode até pensar em mais um melodrama médico estilo “Sessão da Tarde” ou
“Supercine”, mas essa produção dirigida por Jim Kohlberg acaba se sobressaindo
por alguns detalhes importantes. O principal deles é a forte ligação de sua
trama com o rock sessentista. No roteiro do filme, Gabriel (Lou Taylor Pucci) é
um rapaz que perdeu memórias e funções cognitivas devido a uma cirurgia
cerebral e que volta a se conectar ao mundo graças a um trabalho de musicoterapia
que usa canções de Beatles, Rolling Stones, Buffalo Springfield, Bob Dylan,
Grateful Dead e afins. A produção, entretanto, não se limita ao drama médico do
protagonista, revelando-se também como uma eficiente narrativa a retratar os
conflitos de gerações e ideais característicos dos anos 60. A abordagem de
Kohlberg é bastante emocional ao focar as relações humanas, caindo para uma
certa previsibilidade sentimental, mas por vezes é inegável a força comovente
de sua história. E também se sobressai a forma empolgante e arguta com que a música
é utilizada no filme, no sentido que ela sublinha com sensibilidade emoções e
características das personagens da trama. Nesse sentido, por exemplo, a ligação
apaixonada entre Gabriel e o cancioneiro e a mitologia que envolve o Grateful
Dead é bastante reveladora – a personalidade amorosa e libertária do rapaz
parece uma extensão natural do doce country psicodélico dos Dead.
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