Antes de mais nada, cabe esclarecer que “Mary Poppins”
(1964) é um dos grandes momentos cinematográficos dos estúdios da Disney e também
um dos melhores musicais da história do cinema. Dito isso, seria previsível que
um filme como “Walt nos bastidores de Mary Poppins” (2013) criasse alguma
expectativa, justamente pelas possibilidades que seu título auto-explicativo
sugere. O resultado final, entretanto, é frustrante. O filme do diretor John
Lee Hancock está muito distante de evocar algo da criatividade e magia do clássico
em questão. Muito pelo contrário: é convencional e apelativo nos piores
sentidos das palavras. Quando lá pela vigésima vez vem o manjado e medíocre
recurso de levantar um tema musical meloso para sublinhar um grande momento de
sabedoria de vida, o espectador já está louco para sair correndo da sala de
cinema. Num primeiro momento, tanto a estrutura da narrativa como a premissa
inicial do roteiro poderia garantir algum interesse para aqueles que admiram “Mary
Poppins”, no sentido que ofereceria uma espécie de lado obscuro na concepção do
livro original pela sua autora P.L. Travers (Emma Thompson) e na relação dela
com Walt Disney para a adaptação cinematográfica da obra literária. O problema é
que a direção de Hancock é tão burocrática e asséptica que retira a tensão dramática
que a trama poderia oferecer. Talvez o que mantenha um resquício de vivacidade
para a produção seja a qualidade inata de “Mary Poppins”, nos trechos de canções
e diálogos do musical que são encenados em forma de ensaio.
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