quinta-feira, março 06, 2014

Robocop, de José Padilha **

A essa altura do campeonato, é chover no molhado dizer que essa nova versão de “Robocop” (2014) é bastante inferior à obra-prima dirigida por Paul Verhoeven e lançada em 1987. Mas a decepção com o filme de José Padilha não vêm apenas da comparação que se possa fazer com a produção original na qual se baseou. Na verdade, o desampotamento com o resultado final também se configura na relação que se faz com a própria filmografia pregressa de Padilha, principalmente considerando as duas partes de “Tropa de elite”. Nessa sua estreia em Hollywood, não há aquele eletrizante senso de narrativa nas cenas de ação e nem a densidade dramática que caracterizaram as suas obras mais conhecidas aqui no Brasil. Padilha não apresenta no seu “Robocop” uma sequência de ação efetivamente memorável e se contenta com um roteiro primário que se pretende sério e profundo. O filme de Verhoeven, com toda aquela violência exagerada e atmosfera escapista, tinha um senso de humor muito mais refinado – não por acaso, acabou se tornando uma das mais célebres alegorias políticas da ficção científica cinematográfica contemporânea. Do jeito que ficou, o filme do Padilha ficou pior até que o “Robocop 2” (1990).

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