A essa altura do campeonato, é chover no molhado dizer que essa
nova versão de “Robocop” (2014) é bastante inferior à obra-prima dirigida por
Paul Verhoeven e lançada em 1987. Mas a decepção com o filme de José Padilha não
vêm apenas da comparação que se possa fazer com a produção original na qual se
baseou. Na verdade, o desampotamento com o resultado final também se configura na
relação que se faz com a própria filmografia pregressa de Padilha,
principalmente considerando as duas partes de “Tropa de elite”. Nessa sua estreia
em Hollywood, não há aquele eletrizante senso de narrativa nas cenas de ação e
nem a densidade dramática que caracterizaram as suas obras mais conhecidas aqui
no Brasil. Padilha não apresenta no seu “Robocop” uma sequência de ação
efetivamente memorável e se contenta com um roteiro primário que se pretende
sério e profundo. O filme de Verhoeven, com toda aquela violência exagerada e
atmosfera escapista, tinha um senso de humor muito mais refinado – não por
acaso, acabou se tornando uma das mais célebres alegorias políticas da ficção
científica cinematográfica contemporânea. Do jeito que ficou, o filme do
Padilha ficou pior até que o “Robocop 2” (1990).
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