Robert Redford interpretando um navegador solitário em “Até
o fim” (2013) numa abordagem naturalista de encenação até acaba tendo um certo
caráter revivalista, pois faz lembrar algumas obras das quais participou nos
anos 70, principalmente “Mais forte que a vingança” (1972), onde interpretava o
caçador ermitão Jeremiah Johnson enfrentando os rigores das florestas e
montanhas geladas de uma região inóspita dos Estados Unidos. Nesse sentido, o
filme de J.C. Chandor até apresentar um certo grau de ousadia. Sua narrativa é
marcada pela concisão e pelo despojamento cênico – para que a ação se
desenvolva, basta o personagem de Redford se movimentando no reduzido cenário
de um pequeno veleiro e o mar que o cerca. Para acentuar o tom descarnado da
produção, não há praticamente diálogos, o que confere um grau de realismo que
beira o documental. Chandor enfatiza com precisão o gestual e as expressões
faciais de seu protagonista, que se move de forma quase instintiva, numa
batalha feroz pela sobrevivência frente à natureza. Se toda essa situação já não
propiciasse uma inerente tensão dramática, o fato do filme focar um Redford já
envelhecido aumenta ainda mais a sensação de falibilidade física, em que a astúcia
e a sagacidade do personagem acabam se tornando essenciais para que não
sucumba. Se Chandor não tem a mesma classe cinematográfica de Sidney Pollack no
mencionado “Mais forte que a vingança”, é verdade também que “Até o fim” se
revela acima da média no gênero de aventura dentro do que se produz atualmente.
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