Uma produção belga cuja trama traz protagonistas que são
músicos fanáticos por bluegrass já deixa claro logo de cara que se trata de
algo um tanto atípico. “Alabama Monroe” (2012) aprofunda suas idiossincrasias
ainda mais. Ainda que sua narrativa tenha um talhe clássico e sua concepção
visual apresente uma limpidez de forte encanto, o filme propõe uma verdadeira
montanha russa sensorial para o espectador. Há idas e vidas constantes no tempo
narrativo, fazendo com que essa alternância entre passado e presente evoque
sentimentos intensos e contrastantes entre desejo, harmonia familiar, morte e
redenção, tudo isso para ilustrar uma história que tem por tema principal o
questionamento tanto da fé religiosa quanto do racionalismo exacerbado. Assim,
o filme transpira tanto uma forte carnalidade na crueza do seu erotismo e na
violência dos embates emocionais entre o casal de protagonistas quanto um
misticismo epifânico nas soluções intimistas do roteiro. Essa constante
dualidade da obra traz um caráter perturbador e também cativante, atmosfera
ambígua essa que mais se acentua pelos celestiais números musicais que permeiam a narrativa.
Um comentário:
Ao lado de Azul é a cor mais quente, esse é outro filme que merecia o Oscar de filme estrangeiro.
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