Brett Ratner está longe de ser o mais brilhante dos
diretores norte-americanos da atualidade, mas pelo menos tem a honestidade de não
querer parecer um “visionário”. Sua produção mais recente, “Hércules” (2014), é
um exemplo até contundente disso. O filme é derivativo de uma série de tendências
que grassam no atual panorama do cinema de aventura de cunho fantástico: uma
pretensa abordagem naturalista de velhos mitos, o gosto por cenários exóticos e
grandiosos (há grandes tomadas panorâmicas que parecem terem sido decalcadas
direto da franquia de “O senhor dos anéis”), uma violência mais explícita a
ressaltar um possível tom sombrio na narrativa. No final das contas,
entretanto, o pastiche de Ratner acaba se revelando bem digerível. Para
começar, ele não é da nefasta escola Zack Snyder na direção de sequências de ação
– filma com clareza e fluidez razoáveis cenas de pancadaria explícita. Além
disso, por mais óbvio e estereotipado que seja o roteiro, é inegável que há personagens
marcantes e a trama seja bem delineada no seu desenvolvimento. Ou seja, “Hércules”
está longe de ser uma produção inesquecível aos moldes, por exemplo, de um “Guardiões
da Galáxia”, mas pelo menos é uma diversão escapista eficiente. E dentro
daquilo que se tem feito em boa parte de trabalhos do gênero, isso não deixa de
ser um mérito considerável.
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