Não dá para dizer que o diretor francês Luc Besson não
buscou algum traço de ousadia em “Lucy” (2014). A partir de uma premissa simples,
a da garota que ganha superpoderes a partir da ingestão involuntária de drogas
desconhecidas, ele poderia ter enveredado para uma rotineira produção de
aventura de super-heróis. Ao invés disso, concebeu uma estranha obra envolvendo
ação frenética e divagações filosóficas/existenciais. E vindo do mesmo cineasta
responsável pelo clássico policial “O profissional” (1994), é claro que a
expectativa pode ser grande. Apesar das ideias interessantes de Besson, todavia,
a execução formal é bastante truncada. O entrelaçamento entre seqüências de
pancadaria e tiroteio com momentos contemplativos não apresenta fluência
narrativa, fazendo com que o filme por vezes fique enfadonho. Para piorar, a
edição é cheia de “espertezas”, com um excesso de cortes que faz “Lucy” ter um
ar videoclipeiro datado. Mesmo as cenas de ação têm uma concepção pouco
imaginativa e de pouco impacto, com Besson regurgitando clichês estéticos de
forma preguiçosa. É claro que algumas trucagens apresentam certa criatividade e
encanto visual. No seu resultado final, entretanto, “Lucy” faz pensar numa esdrúxula
e indigesta equação: a do publicitário fã de “Matrix” (1999) e Tarantino que resolve
fazer a sua versão de “2001: Uma odisséia no espaço” (1968). E pode crer que
isso não é um elogio...
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