quinta-feira, setembro 04, 2014

Lucy, de Luc Besson **


Não dá para dizer que o diretor francês Luc Besson não buscou algum traço de ousadia em “Lucy” (2014). A partir de uma premissa simples, a da garota que ganha superpoderes a partir da ingestão involuntária de drogas desconhecidas, ele poderia ter enveredado para uma rotineira produção de aventura de super-heróis. Ao invés disso, concebeu uma estranha obra envolvendo ação frenética e divagações filosóficas/existenciais. E vindo do mesmo cineasta responsável pelo clássico policial “O profissional” (1994), é claro que a expectativa pode ser grande. Apesar das ideias interessantes de Besson, todavia, a execução formal é bastante truncada. O entrelaçamento entre seqüências de pancadaria e tiroteio com momentos contemplativos não apresenta fluência narrativa, fazendo com que o filme por vezes fique enfadonho. Para piorar, a edição é cheia de “espertezas”, com um excesso de cortes que faz “Lucy” ter um ar videoclipeiro datado. Mesmo as cenas de ação têm uma concepção pouco imaginativa e de pouco impacto, com Besson regurgitando clichês estéticos de forma preguiçosa. É claro que algumas trucagens apresentam certa criatividade e encanto visual. No seu resultado final, entretanto, “Lucy” faz pensar numa esdrúxula e indigesta equação: a do publicitário fã de “Matrix” (1999) e Tarantino que resolve fazer a sua versão de “2001: Uma odisséia no espaço” (1968). E pode crer que isso não é um elogio...

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