segunda-feira, setembro 22, 2014

O último amor de Mr. Morgan, de Sandra Nettelbeck **


O que incomoda em “O último amor de Mr. Morgan” (2013) não é a previsibilidade de seu roteiro ou o convencionalismo de sua narrativa. O grande problema do filme está na abordagem formal que a diretora Sandra Nettelbeck dá para o seu material. Num filme cuja trama mostra eutanásia, um idoso suicida, personagens desajustados e uma família disfuncional, acaba sendo destoante e covarde o tratamento “fofinho” oferecido pela obra em questão. A cada cinco minutos os personagens proferem alguma frase de efeito ou uma lição de vida, ou seja, não há um encadeamento orgânico na interação entre personagens e as situações do roteiro. E também de forma periódica, em cenas que eram para serem cruciais, irrompe uma terna e melosa trilha sonora, que pontua uma falsa delicadeza que se impõe de forma nada sutil e busca uma relação emocional forçada com a plateia. Pode até ser que tenham algumas moçoilas ou senhoras que chorem um pouco, mas também é evidente que o artificialismo e o tom manipulador de tais expedientes retiram muito da força dramática que o filme poderia oferecer. É claro que alguma coisa se destaca, principalmente na boa interpretação de Michael Caine e na graciosidade carismática da bela Clémence Poésy. O que predomina mesmo em “O último amor de Mr Morgan”, entretanto, é uma narrativa amorfa e a insipidez de sua estética.

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